Capitalismo é incapaz de acabar com a fome no mundo
"Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e à sua família, saúde e bem-estar, inclusive a alimentação, vestuário,habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis.” (Artigo XXV. Declaração Universal dos Direitos Humanos. ONU. 1948)
Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e o Programa Mundial de Alimentos da ONU divulgaram um novo relatório onde afirmam que o número de pessoas que vive com fome bateu novo recorde e atingiu 1,2 bilhão, uma em cada seis pessoas no mundo. Em conseqüência, 30 mil crianças morrem de fome por dia e 15 milhões a cada ano. Nem mesmo na sociedade primitiva, quando o homem ainda não tinha grandes conhecimentos técnicos nem pleno domínio da natureza, a fome matou tanta gente num só dia.
Nos últimos anos, não faltaram políticos e ideólogos burgueses afirmando que era possível acabar com a fome no capitalismo. Na Cúpula Mundial de Alimentos, reunida em 1996, chegou-se até a estabelecer a meta de, em 2015, reduzir o número de desnutridos para 420 milhões.
Contudo, em vez diminuir, o número de famintos cresceu assustadoramente e deitou por terra a cantilena de que é possível acabar com as injustiças sociais e construir um mundo saudável e justo, mantendo a propriedade privada dos meios de produção.
G20 lava as mãos
Apesar dos números apresentados pela FAO exigirem uma ação urgente, o G20, grupo que reúne os chefes de governo das vinte principais economias capitalistas do mundo, a chamada “nova governança global”, não convocou nenhuma reunião, sequer distribuiu um comunicado manifestando preocupação com essa catástrofe humana.
Quando, porém, os maiores bancos do mundo e os monopólios industriais anunciaram balanços com prejuízos e a possibilidade de irem à falência, o G20 se reuniu às pressas e de imediato sacou trilhões de dólares dos cofres públicos para salvar da bancarrota os proprietários das instituições financeiras e das grandes empresas. No total, mais de 18 trilhões de dólares foram usados pelos governos nas operações mundiais de salvação dos banqueiros.
Entretanto, para os verdadeiros necessitados do planeta, os que passam fome, os governos das potências imperialistas diminuíram o repasse de dinheiro, conforme denunciou Josette Sheeran, diretora executiva do programa da ONU para Alimentos: “A ajuda alimentar está no nível mais baixo dos últimos 20 anos, apesar de o número de pessoas que passam fome crítica ter chegado este ano ao nível mais alto de todos os tempos”. A diretora da ONU afirmou ainda que “bastaria 1% do dinheiro que foi entregue aos bancos para garantir que nenhuma pessoa ficasse privada do elementar direito de se alimentar.”
A explicação das autoridades para que pela primeira vez na história da humanidade o número de famintos ultrapassasse 1 bilhão, é a crise econômica que se abateu sobre a economia capitalista.
Entretanto, segundo os próprios economistas burgueses, a crise se iniciou com a falência do Lehman Brothers em setembro de 2008, enquanto o número de famintos cresce sem parar desde a década de 90. Em 1992, eram 832 milhões; em 2003, 848 milhões; em 2007, 923 milhões e, em 2009, 1,2 bilhão.
A crise, sem dúvida, agravou esse quadro, mas antes dela, a fome já avançava no mundo. Aliás, a própria crise é muito mais uma conseqüência do que uma causa dessa situação.
Também não se pode dizer que a causa da fome seja a falta de alimentos. A produção de alimentos no mundo bate sucessivos recordes de produção: “Hoje produzimos alimentos demais. Muito mais que o necessário para alimentar a população atual, sendo que ainda nem estamos perto de esgotar o potencial de alimentação direta”, afirma Benedikt Haerlin, da fundação Zukunftsstiftung Landwirtschaft, que apóia projetos ecológicos e sociais no setor agrícola.
Por que, então, a fome cresce num mundo que produz quantidades enormes de riquezas e tem grande desenvolvimento tecnológico?
Os biocombustivéis e a fome
Grande parte da produção agrícola mundial é apropriada pelos poderosos monopólios da indústria de alimentos. Estes, de posse desses produtos, colocam-nos à venda por preços cada vez mais elevados, impedindo o acesso de bilhões de pobres à comida. O índice FAO dos preços alimentares registrou uma alta de 63% nos preços dos cereais em quatro anos.
Como se sabe, vivemos numa sociedade capitalista, o que quer dizer que para se alimentar, toda pessoa precisa ter dinheiro para comprar comida. Cada vez mais empobrecidas, por estarem desempregadas ou receberem baixos salários, grande parte da sociedade não tem como pagar água, luz, casa e ainda comprar comida. Em outras palavras, para mais de 1 bilhão de pessoas, se alimentar diariamente é um sonho muito distante. Os alimentos, então, ficam nos supermercados ou são guardados em depósitos à espera de compradores. Depois, apodrecidos, são jogados no lixo.
Para agravar essa situação, os donos da terra, em busca de lucros maiores, e os governos visando atender as montadoras de automóveis decidiram priorizar a produção de biocombustiveis. Hoje, mais da metade da produção agrícola é destinada a rações animais e à produção de alimentos para a fabricação de energia. Situação que tende a piorar, já que a expectativa da FAO é de que as lavouras de biocombustiveis aumentem 90% nos próximos anos.
Aconteceu o que o comandante Fidel Castro denunciou em maio de 2007: “A idéia de converter os alimentos em combustível vai condenar bilhões de pessoas à fome. Aplique-se a política de converter milho para produzir etanol e veremos o aumento da massa de famintos no mundo” (veja A Verdade nº 82).
Não bastasse, existe ainda na chamada sociedade de consumo um enorme desperdício. Estudo do Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI) calculou que 30% dos alimentos comprados pelas famílias dos países ricos são jogados no lixo. Nos Estados Unidos, as famílias jogam fora cerca de meio quilo de comida por dia e na Grã-Bretanha, o desperdício é estimado entre 30% e 40%.
Não é à toa. Diariamente, a propaganda burguesa inculca nas pessoas que o mais importante é comprar, pouco importando se a pessoa necessita ou não daquele produto. Não são poucos os programas de TV que apresentam pseudopsicólogos dando como conselho para superar uma frustração fazer compras no shopping.
A distribuição dos alimentos
Portanto, se os alimentos produzidos no mundo fossem distribuídos fraternalmente, nenhum ser humano morreria de fome no planeta. Mas isso, por mais boa vontade que se tenha, é impossível de se realizar num sistema econômico que tem como principal objetivo o enriquecimento de algumas famílias. De fato, enquanto 1,02 bilhão de pessoas passam fome, os 20 homens mais ricos do mundo são donos de uma fortuna de US$ 415,7 bilhões.
Mas não é só. No capitalismo do século XXI, existe também a fome por cultura e por educação. Segundo professor José Narra, reitor da Universidade do México (UNAM), 800 milhões de pessoas não sabem ler nem escrever.
Como bem declarou Jacques Diouf, diretor da FAO, “Temos meios técnicos e econômicos para acabar com a fome no mundo, mas falta uma maior vontade política, a fim de exterminar a fome para sempre.”. Traduzindo, falta uma revolução política que acabe com o sistema capitalista e sua injusta e desumana forma de distribuir as riquezas que são produzidas coletivamente pela sociedade.
A Fome no mundo
Total - 1,02 bilhão
Países ricos - 15 milhões
Oriente Médio e Norte da África - 42 milhões
América Latina e Caribe - 53 milhões
África Subsaariana - 265 milhões
Ásia e Pacifico - 642 milhões
Fonte: FAO
As 20 pessoas mais ricas do mundo (Em US$)
1. William (Bill) Gates III - 40 bi
2. Warren Buffett - 37 bi
3. Carlos Slim Helú - 35 bi
4. Lawrence Ellison - 22,5 bi
5. Ingvar Kamprad - 22 bi
6. Karl Albrecht - 21,5 bi
7. Mukesh Ambani - 19,5 bi
8. Lakshmi Mittal - 19,3 bi
9. Theo Albrecht - 18,8 bi
10. Amancio Ortega - 18,3 bi
11. Jim Walton - 17,8 bi
12. Alice Walton - 17,6 bi
13. Christy Walton - 17,6 bi
14. S Robson Walton - 17,6 bi
15. Bernard Arnault - 16,5 bi
16. Li Ka-shing - 16,2 bi
17. Michael Bloomberg - 16 bi
18. Stefan Persson - 14,5 bi
19. Charles Koch - 14 bi
20. David Koch - 14 bi
Fonte: revista Forbes
Lula Falcão, membro do comitê central do Partido Comunista Revolucionário - PCR, artigo publicado no Jornal A Verdade, novembro de 2009)
Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e o Programa Mundial de Alimentos da ONU divulgaram um novo relatório onde afirmam que o número de pessoas que vive com fome bateu novo recorde e atingiu 1,2 bilhão, uma em cada seis pessoas no mundo. Em conseqüência, 30 mil crianças morrem de fome por dia e 15 milhões a cada ano. Nem mesmo na sociedade primitiva, quando o homem ainda não tinha grandes conhecimentos técnicos nem pleno domínio da natureza, a fome matou tanta gente num só dia.
Nos últimos anos, não faltaram políticos e ideólogos burgueses afirmando que era possível acabar com a fome no capitalismo. Na Cúpula Mundial de Alimentos, reunida em 1996, chegou-se até a estabelecer a meta de, em 2015, reduzir o número de desnutridos para 420 milhões.
Contudo, em vez diminuir, o número de famintos cresceu assustadoramente e deitou por terra a cantilena de que é possível acabar com as injustiças sociais e construir um mundo saudável e justo, mantendo a propriedade privada dos meios de produção.
G20 lava as mãos
Apesar dos números apresentados pela FAO exigirem uma ação urgente, o G20, grupo que reúne os chefes de governo das vinte principais economias capitalistas do mundo, a chamada “nova governança global”, não convocou nenhuma reunião, sequer distribuiu um comunicado manifestando preocupação com essa catástrofe humana.
Quando, porém, os maiores bancos do mundo e os monopólios industriais anunciaram balanços com prejuízos e a possibilidade de irem à falência, o G20 se reuniu às pressas e de imediato sacou trilhões de dólares dos cofres públicos para salvar da bancarrota os proprietários das instituições financeiras e das grandes empresas. No total, mais de 18 trilhões de dólares foram usados pelos governos nas operações mundiais de salvação dos banqueiros.
Entretanto, para os verdadeiros necessitados do planeta, os que passam fome, os governos das potências imperialistas diminuíram o repasse de dinheiro, conforme denunciou Josette Sheeran, diretora executiva do programa da ONU para Alimentos: “A ajuda alimentar está no nível mais baixo dos últimos 20 anos, apesar de o número de pessoas que passam fome crítica ter chegado este ano ao nível mais alto de todos os tempos”. A diretora da ONU afirmou ainda que “bastaria 1% do dinheiro que foi entregue aos bancos para garantir que nenhuma pessoa ficasse privada do elementar direito de se alimentar.”
A explicação das autoridades para que pela primeira vez na história da humanidade o número de famintos ultrapassasse 1 bilhão, é a crise econômica que se abateu sobre a economia capitalista.
Entretanto, segundo os próprios economistas burgueses, a crise se iniciou com a falência do Lehman Brothers em setembro de 2008, enquanto o número de famintos cresce sem parar desde a década de 90. Em 1992, eram 832 milhões; em 2003, 848 milhões; em 2007, 923 milhões e, em 2009, 1,2 bilhão.
A crise, sem dúvida, agravou esse quadro, mas antes dela, a fome já avançava no mundo. Aliás, a própria crise é muito mais uma conseqüência do que uma causa dessa situação.
Também não se pode dizer que a causa da fome seja a falta de alimentos. A produção de alimentos no mundo bate sucessivos recordes de produção: “Hoje produzimos alimentos demais. Muito mais que o necessário para alimentar a população atual, sendo que ainda nem estamos perto de esgotar o potencial de alimentação direta”, afirma Benedikt Haerlin, da fundação Zukunftsstiftung Landwirtschaft, que apóia projetos ecológicos e sociais no setor agrícola.
Por que, então, a fome cresce num mundo que produz quantidades enormes de riquezas e tem grande desenvolvimento tecnológico?
Os biocombustivéis e a fome
Grande parte da produção agrícola mundial é apropriada pelos poderosos monopólios da indústria de alimentos. Estes, de posse desses produtos, colocam-nos à venda por preços cada vez mais elevados, impedindo o acesso de bilhões de pobres à comida. O índice FAO dos preços alimentares registrou uma alta de 63% nos preços dos cereais em quatro anos.
Como se sabe, vivemos numa sociedade capitalista, o que quer dizer que para se alimentar, toda pessoa precisa ter dinheiro para comprar comida. Cada vez mais empobrecidas, por estarem desempregadas ou receberem baixos salários, grande parte da sociedade não tem como pagar água, luz, casa e ainda comprar comida. Em outras palavras, para mais de 1 bilhão de pessoas, se alimentar diariamente é um sonho muito distante. Os alimentos, então, ficam nos supermercados ou são guardados em depósitos à espera de compradores. Depois, apodrecidos, são jogados no lixo.
Para agravar essa situação, os donos da terra, em busca de lucros maiores, e os governos visando atender as montadoras de automóveis decidiram priorizar a produção de biocombustiveis. Hoje, mais da metade da produção agrícola é destinada a rações animais e à produção de alimentos para a fabricação de energia. Situação que tende a piorar, já que a expectativa da FAO é de que as lavouras de biocombustiveis aumentem 90% nos próximos anos.
Aconteceu o que o comandante Fidel Castro denunciou em maio de 2007: “A idéia de converter os alimentos em combustível vai condenar bilhões de pessoas à fome. Aplique-se a política de converter milho para produzir etanol e veremos o aumento da massa de famintos no mundo” (veja A Verdade nº 82).
Não bastasse, existe ainda na chamada sociedade de consumo um enorme desperdício. Estudo do Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI) calculou que 30% dos alimentos comprados pelas famílias dos países ricos são jogados no lixo. Nos Estados Unidos, as famílias jogam fora cerca de meio quilo de comida por dia e na Grã-Bretanha, o desperdício é estimado entre 30% e 40%.
Não é à toa. Diariamente, a propaganda burguesa inculca nas pessoas que o mais importante é comprar, pouco importando se a pessoa necessita ou não daquele produto. Não são poucos os programas de TV que apresentam pseudopsicólogos dando como conselho para superar uma frustração fazer compras no shopping.
A distribuição dos alimentos
Portanto, se os alimentos produzidos no mundo fossem distribuídos fraternalmente, nenhum ser humano morreria de fome no planeta. Mas isso, por mais boa vontade que se tenha, é impossível de se realizar num sistema econômico que tem como principal objetivo o enriquecimento de algumas famílias. De fato, enquanto 1,02 bilhão de pessoas passam fome, os 20 homens mais ricos do mundo são donos de uma fortuna de US$ 415,7 bilhões.
Mas não é só. No capitalismo do século XXI, existe também a fome por cultura e por educação. Segundo professor José Narra, reitor da Universidade do México (UNAM), 800 milhões de pessoas não sabem ler nem escrever.
Como bem declarou Jacques Diouf, diretor da FAO, “Temos meios técnicos e econômicos para acabar com a fome no mundo, mas falta uma maior vontade política, a fim de exterminar a fome para sempre.”. Traduzindo, falta uma revolução política que acabe com o sistema capitalista e sua injusta e desumana forma de distribuir as riquezas que são produzidas coletivamente pela sociedade.
A Fome no mundo
Total - 1,02 bilhão
Países ricos - 15 milhões
Oriente Médio e Norte da África - 42 milhões
América Latina e Caribe - 53 milhões
África Subsaariana - 265 milhões
Ásia e Pacifico - 642 milhões
Fonte: FAO
As 20 pessoas mais ricas do mundo (Em US$)
1. William (Bill) Gates III - 40 bi
2. Warren Buffett - 37 bi
3. Carlos Slim Helú - 35 bi
4. Lawrence Ellison - 22,5 bi
5. Ingvar Kamprad - 22 bi
6. Karl Albrecht - 21,5 bi
7. Mukesh Ambani - 19,5 bi
8. Lakshmi Mittal - 19,3 bi
9. Theo Albrecht - 18,8 bi
10. Amancio Ortega - 18,3 bi
11. Jim Walton - 17,8 bi
12. Alice Walton - 17,6 bi
13. Christy Walton - 17,6 bi
14. S Robson Walton - 17,6 bi
15. Bernard Arnault - 16,5 bi
16. Li Ka-shing - 16,2 bi
17. Michael Bloomberg - 16 bi
18. Stefan Persson - 14,5 bi
19. Charles Koch - 14 bi
20. David Koch - 14 bi
Fonte: revista Forbes
Lula Falcão, membro do comitê central do Partido Comunista Revolucionário - PCR, artigo publicado no Jornal A Verdade, novembro de 2009)
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