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sábado, 19 de dezembro de 2009

ABAIXO A CRIMINALIZAÇÃO DO MOVIMENTO CAMPONÊS!


*Por Wellington JK

camponeses-assassinados-lcp-rondonia

É com muita revolta e indignação que nós do MEPR prosseguimos na denúncia do assassinato de mais duas lideranças camponesas no Estado de Rondônia. A tortura, a perseguição política, a repressão sangrenta e a morte, que muitos dizem extinta no nosso país, que muitos dizem fazer parte do museu chamado “ditadura” militar, tudo isso faz parte ainda hoje do cotidiano do povo em luta e é condição mesma da manutenção de um regime de traição nacional e exploração furiosa das massas operárias e camponesas como este que as classes dominantes reacionárias tentam pintar como “democracia”.

O seqüestro, a tortura e o assassinato covardes de Gilson Gonçalves e Elcio Machado (Sabiá), por pistoleiros pagos pelo latifúndio e acobertados e assanhados pelo velho Estado, é mais uma prova inconteste de que o que existe no nosso país na realidade é a mais brutal repressão sobre os movimentos populares em geral, e camponês em particular, num quadro geral de crescimento da miséria e agravamento da crise do capitalismo burocrático no país.

A questão agrária e o Estado burguês-latifundiário:

No Brasil o monopólio da terra confunde-se, funde-se mesmo, com o poder político e estatal de maneira geral, talvez como em lugar algum do mundo. Não iremos sequer entrar no aspecto da concentração fundiária propriamente dito, que como demonstra o último censo agropecuário AUMENTOU sob o governo oportunista e assassino de Luís Inácio. O índice GINI, convenção internacional utilizada para medir a concentração fundiária, quantifica esta numa escala que vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, pior, ou seja, maior o grau de concentração. Pois bem: em 1985 esse índice (já altíssimo) era de 0,857; em 1995 era de 0,856 e agora, sob o governo “democrático-popular” do PT tal índice saltou para 0,872, o pior em mais de 20 anos! Isso, detalhe, apontado em um censo agropecuário que não recua ante artifício algum para, digamos, “maquiar” a realidade...

Mas mantenhamo-nos no aspecto político da questão.

eldorado dos carajas Muito se fala em nome da tal “democracia” em “independência dos três poderes”. É claro e evidente que não há quem seja sério que acredite neste verdadeiro conto de fadas. Somente o exemplo recente do caso Batisti é, digamos, suficiente para ilustrar o que dizemos. Mas continuemos. Esses “poderes” (na verdade só existe um único poder no país, assentado na dominação da classe da grande burguesia e do latifúndio à serviço do imperialismo) são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Pois bem. Quem é a figura “máxima” (mínima se utilizarmos qualquer critério moral) do Judiciário, quem é o presidente da “Suprema Corte”? Gilmar Mendes. E quem é Gilmar Mendes? Um latifundiário, proprietário de vastas extensões de terra no Mato Grosso. Alguém mal-informado pode pensar que isto é fruto do nosso ódio a essa figura abjeta e degradante, uma mistura asquerosa de ignorância e reacionarismo. Sim, nós o odiamos, como todo brasileiro honesto. Mas quem diz isso não somos nós. Num bate-boca entre Gilmar Mendes e outro ministro do STF, Joaquim Barbosa, que foi amplamente reproduzido pelos meios de comunicação, disse Barbosa:

Vossa Excelência me respeite(...) Vossa Excelência não está falando com seus capangas do Mato Grosso”.

Não é à toa que foi inaugurado no dia 04 último, em Santarém, no Estado do Pará, o “mutirão fundiário”, que tem como objetivo agilizar os processos de reintegração de posse de latifúndios ocupados. Para o lançamento de tal mutirão estava lá presente o excelentíssimo cowboy Gilmar Mendes. Aonde a “Justiça” quando companheiros que lutam por um pedaço de chão para viver são torturados e assassinados? Aonde? Aonde o “Estado de direito”? Quem neles acredita que explique. A única justiça na qual acreditamos é a que as massas fazem com as suas mãos, no curso tempestuoso da construção da história!

Quanto ao “Poder Legislativo”, convenhamos, não é necessário muito esforço para demonstrar que também aí o latifúndio jamais saiu do centro de poder. Quem são Sarney, Jader Barbalho, Collor, Renan Calheiros, apenas para ficar em alguns “ilustres”, todos tropa de choque do governo do PT? E a tal “bancada ruralista”, que conta com um terço das cadeiras?

Quanto ao “Poder Executivo”...Tomemos o Bolsa-Família, carro-chefe da campanha eleitoral permanente e ultra-demagógica de Luis Inácio pelo país, símbolo da compra de votos institucionalizada e da corporativização fascista-assistencialista do povo pobre. O recurso é do governo federal, mas por acaso o prezado leitor sabe quem gere esse recurso, quem o concentra e distribui? As prefeituras, os governos municipais. E o que é a figura do prefeito, no Norte e Nordeste principalmente, senão do velho coronel, figura típica da politicalha oficial imunda do nosso país? Basta lembrar que o conceito de cidade no Brasil não é uma avaliação econômica ou populacional. Cidade no Brasil é toda sede de município, pura e simplesmente, critério adotado pelo IBGE durante o Estado-Novo fascista de Vargas e jamais alterado. E o tal Bolsa Família nada mais faz que depositar dinheiro (mais onde o político local apóia o governo federal, claro) nas mãos dos velhos donos das cidades interioranas para que assim eles mantenham tranqüilamente o seu secular curral eleitoral. Reforça o coronelismo, o clientelismo, no melhor estilo “República Velha”, portanto.

Ao olharmos o que tem sido a “reforma agrária” do governo do PT somos obrigados a concluir, se mínimamente honestos, que essa nada mais tem sido que a capitalização dos latifundiários (quando muito) e a repressão desenfreada sobre o movimento camponês combativo.


Levantamento da violência no campo (fonte: CPT)

Ano

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Conflitos

983

660

880

925

1690

1801

1881

1657

1538

1170

Mortes

27

21

29

43

73

39

38

39

28

28

Estes números indicam um aumento ininterrupto da “violência no campo” (eufemismo para tentar descaracterizar a responsabilidade do sistema latifundiário e seus exércitos particulares) entre os anos de 2001 e 2005, e que durante o governo do PT não houve nenhuma reforma agrária mas, pelo contrário, um aumento da repressão sobre os camponeses. Não é necessário ser um profundo conhecedor da questão agrária para concluir o óbvio de que um Congresso dirigido por Sarneys, Collors, Barbalhos e asseclas jamais aprovará uma medida sequer contra a classe que eles representam (a classe dos latifundiários, claro está) e nenhum governo apoiado diretamente nessas figuras tentará a eles se opor.

Não bastassem esses dados da própria CPT, o índice que verifica o aumento da concentração fundiária, a expansão da soja e da cana-de-açúcar até a fronteira da Amazônia, o aluguel de milhões de hectares desta para o “agronegócio”, o Sr. Luis Inácio teve ainda o desplante de declarar solenemente que os usineiros eram os verdadeiros “heróis nacionais”. Imaginem!

Tanto é assim que numa ação coordenada do governo federal com o governo da canalha Ana Júlia Carepa, também do PT, no Estado do Pará, foi realizada a maior operação de guerra desde a guerrilha do Araguaia intitulada, curiosamente, “Operação Paz no Campo”. Tal operação, que contou com a cobertura sensacionalista e policial dos monopólios de imprensa, terminou com vários camponeses presos, torturados e já teve 13 lideranças camponesas da região assassinadas desde então. Em novembro último o coordenador do MST no Pará, Charles Trocate, teve decretada a prisão a pedido da Polícia Civil (na verdade pela governadora e sua corja de latifundiários, dentre eles Daniel Dantas e o filho de Lula, “Lulinha”, proprietários de dezenas de milhares de cabeças de gado no Sul do Pará).

Agora assistimos a mais esse bárbaro crime, o brutal assassinato cometido contra os companheiros Gilson Gonçalves e Elcio Machado (Sabiá) em Rondônia, na região da Amazônia ocidental. Segundo esta mesma pesquisa da CPT que citamos mais acima, publicada em abril deste ano, 72% dos assassinatos em decorrência de conflitos agrários ocorridos no Brasil em 2008 se concentraram na Amazônia. Estes dados da CPT, não obstante, são ainda claramente subestimados. Ora, desde a conclusão da Operação “Paz no Campo” morreram 13 lideranças que haviam participado diretamente da tomada da Fazenda Forkilha, que resultou naquela operação. Mas a CPT diz que em todo o Estado do Pará, verdadeiramente conflagrado por uma aguda luta entre camponeses e latifundiários, houve em todo o ano de 2008 13 assassinatos. As estatísticas, como vimos, embora suficientemente brutais, mostram-se sempre flexíveis para baixo, portanto.

O caminho é a revolução!

O assassinato, a perseguição e prisão política de lideranças e ativistas do movimento camponês são, podemos ver, fatos incontestáveis e o velho e reacionário Estado brasileiro não apenas se omite como também é partícipe e protagonista desta guerra em meio a qual os camponeses brasileiros são lançados pela sanha repressiva que objetiva manter o caquético e moribundo sistema latifundiário brasileiro.

Crimes bárbaros como esse são rotina, tragédias anunciadas que acontecem no nosso território já há mais de cinco séculos. É necessário lutar portanto sem quartel contra aqueles verdadeiros contrabandistas que fream as lutas do nosso povo tentando fazê-lo crer nas “santas instituições”, no “Estado de direito”, etc., sendo obrigatório perguntar que direito é esse, ou melhor, de quem é esse direito, a quem ele serve, quem, que classes detém o Poder em nosso país? Assim posta a questão é realmente difícil tentar sobrepassa-la.

A chamada “grande imprensa”, na verdade imprensa monopolista, pequena se o critério for o compromisso com a verdade, é a que enche páginas e páginas para falar sobre “democracia”. Em nome de defender o “Estado de direito” o anão jornalístico Alan Rodrigues, da porcalhona revista Isto É, lançou no princípio de 2008 uma matéria acusando a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia de “fazer guerrilha” no Brasil, e na oportunidade atacou também a nós do MEPR. Pois bem. Quiséramos perguntar a esse sujeito quantas palavras ele escreveu sobre os companheiros assassinados após o desfecho da operação “Paz no Campo”, quantas linhas esse vendido, que prostitui a sua profissão em troca de alguns vinténs, escreveu ou escreverá sobre a tortura e a execução dessa gente honesta, trabalhadora que com sua militância buscava um futuro mais digno para si e para seus irmãos de luta. Quantas palavras Sr. Alan Rodrigues, quantas linhas?!Essa é a “imprensa”, “arauto da democracia brasileira”, que tem a coragem de dizer-se “imparcial”. Imaginem...

Elcio_Sabia Exigimos a punição do latifundiário Dilson Caldato e de seus bandos armados, exigimos justiça! Mas sabemos e entendemos que o principal responsável, quem mais tem mãos sujas de sangue de gente pobre é o velho Estado brasileiro, expressão histórica da aliança reacionária entre a grande burguesia e o sistema latifundiário, serviçais do imperialismo. Pretender reformar esse Estado é tão impossível quanto derrubar uma parede com pratos de vidro; o que se exige é derruba-lo, demoli-lo. Opor à aliança reacionária da grande burguesia e do latifúndio, base interna do capitalismo burocrático que sangra nosso país, a aliança revolucionária da classe operária e do campesinato, base da revolução de Nova Democracia, única capaz de libertar definitivamente as massas de milhões e milhões de explorados e oprimidos.

A juventude estudantil sempre cumpriu e continua a cumprir um importante papel na formação da Frente Única Revolucionária que apoiará e participará ativamente desta luta. Não podemos ter dúvidas quanto a isso. Esse tem sido o papel histórico cumprido com ardor pela juventude até aqui, esse é o papel que ela seguirá cumprindo daqui em diante.

ABAIXO A CRIMINALIZAÇÃO DO MOVIMENTO CAMPONÊS!

COMPANHEIROS ÉLCIO E GILSON: PRESENTE!

Punição ao latifundiário Dilson Caldato e seus bandos armados!

MORTE AO LATIFÚNDIO! VIVA A REVOLUÇÃO AGRÁRIA!

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